domingo, 25 de março de 2012

E depois senhor?

Se fizéssemos uma pesquisa para descobrir se as pessoas estão contentes com as suas vidas qual seria a resposta mais comum? Será que elas responderiam que estão satisfeitas e plenamente realizadas? Talvez dissessem que se sentem totalmente frustradas. Para muita gente uma vida de sucesso se resume a posse de bens materiais e os privilégios que o dinheiro pode proporcionar. William Shakespeare disse certa vez: "Quando o dinheiro vai à frente, todos os caminhos se abrem". Será mesmo? Eis uma questão para se pensar.
Há pessoas que sonham em ganhar um ótimo salário e poder comprar tudo o que querem, mas muitas delas se esquecem de que junto com as regalias vem uma série de novas preocupações. Não é raro encontrar alguém dizer que mesmo diante da vida simples do passado havia contentamento, mas ao atingir certo sucesso social e financeiro toda aquela alegria do passado evaporou-se com o sol das novas responsabilidades.
Conta-se que um homem de negócios, americano, no ancoradouro de uma aldeia da costa mexicana, observou um pequeno barco de pesca que atracava naquele momento, trazendo um único pescador. No barco, vários grandes atuns de barbatana amarela. O americano deu parabéns ao pescador pela qualidade dos peixes e lhe perguntou quanto tempo levara para pescá-los.
- Pouco tempo - Respondeu o mexicano.
Em seguida, o americano perguntou por que ele não permanecia no mar mais tempo, o que lhe teria permitido uma pesca mais abundante.
O mexicano respondeu que tinha o bastante para atender as necessidades imediatas de sua família.O americano voltou à carga:
- Mas o que é que você faz com o resto de seu tempo?
O mexicano respondeu:
- Durmo até tarde, pesco um pouco, brinco com os meus filhos, tiro a sesta com minha mulher, Maria, vou todas as noites à aldeia, bebo um pouco de vinho e toco violão com meus amigos. Levo uma vida cheia e ocupada, senhor.
O americano assumiu um debochado ar de pouco caso e disse:
- Eu sou formado em Administração de empresas em Harvard, perito em 'Qualidade' e poderia ajudá-lo. Você deveria passar mais tempo pescando e, com o lucro, comprar um barco maior. Com a renda produzida pelo novo barco, poderia comprar vários outros. No fim, teria uma frota de barcos pesqueiros. Em vez de vender pescado a um intermediário, venderia diretamente a uma indústria processadora e, no fim, poderia ter sua própria indústria. Poderia controlar o produto, o processamento e a distribuição. Precisaria deixar esta pequena aldeia costeira de pescadores e mudar-se para a Cidade do México, em seguida para Los Angeles e, finalmente, para Nova York, de onde dirigiria sua empresa em expansão.
- Mas, senhor, quanto tempo isso levaria? - Perguntou o pescador, com os olhos arregalados.- 15 ou 20 anos - Respondeu triunfante o americano.
- E depois, senhor?
O americano riu, e disse que essa seria a melhor parte.
- Quando chegasse à ocasião certa, você poderia abrir o capital de sua empresa ao público e ficar muito, muito rico. Ganharia milhões.
- Milhões? E depois?
- Depois... - Explicou o americano -... Você se aposentaria... Mudaria para uma pequena aldeia costeira, onde dormiria até tarde, pescaria um pouco, brincaria com os seus netos, tiraria a sesta com a sua esposa, iria à aldeia todas as noites, onde poderia tomar vinho e tocar violão com os amigos...- Pois é, senhor... É exatamente assim que eu vivo! - Concluiu, sorrindo, o pescador...Com qual personagem da história você se identifica, o homem de negócios ou o simples pescador?

domingo, 4 de março de 2012

Resposta da natureza

A cena se repete ano após ano, na época do verão acompanhamos estarrecidos pela televisão imagens que mostram cidades inteiras debaixo d’água. É uma tragédia prevista e anunciada. Enquanto muitos estão festejando as festas de final de ano, milhares de pessoas estão tentando apenas sobreviver e salvar alguns dos seus pertences. Enchentes e desabamentos ocorrem periodicamente. Vidas são perdidas, sonhos são desfeitos com uma rapidez impressionante. O trabalho de uma vida inteira é levado impiedosamente pela fúria da natureza que parece estar fora de controle.
Várias são as causas das enchentes urbanas, mas, entre as principais, relacionamos as chuvas, o tipo de piso, lixo nos bueiros, erros de projeto (drenagem insuficiente) e a ocupação irregular do solo. Devido às circunstâncias desfavoráveis muita gente acaba tendo que morar em locais inadequados, o que acaba colocando em risco as suas próprias vidas. Talvez você pense que é só eles saírem dali e estará tudo resolvido, mas sair para onde? Sem ter dinheiro suficiente para comprar ou alugar um imóvel em uma região melhor só lhes resta torcer para que as chuvas não caiam com tanta intensidade. Imagine a preocupação de uma mãe ao saber que os seus filhos estão em perigo sem que ela possa fazer muita coisa para ajudar.
Diante da calamidade pública e da repercussão na mídia, os políticos sempre aparecem prometendo uma solução para o problema, infelizmente, muitas vezes, tudo não passa de promessas passageiras que nunca se cumprem, quando os holofotes deixam a cena o povo continua com o seu martírio. As pessoas mais carentes são indiscutivelmente as que mais sofrem, pois, se perdem os seus imóveis comprados com muita dificuldade dificilmente terão condições de adquirir um novo. É triste ver o desespero nos olhos, as lágrimas que teimar em cair ao ver com profundo pesar a segurança da família indo embora com a força d’água. As roupas, móveis e utensílios domésticos deixam a casa e não voltam mais. Só sabe o que isso quem já passou por uma situação dessas.
Apesar de tanta dor muita gente ainda encontra forças para continuar acreditando numa vida melhor. Mesmo sem entender por que certas coisas ruins acontecem a pessoas de bem, eles ainda mantém a fé e agradecem a Deus por estarem vivos e com saúde. A solidariedade do nosso povo aparece de forma maravilhosa, à comoção é geral, logo aparece um batalhão de voluntários que doam parte do seu tempo e recursos para ajudar pessoas desconhecidas que estão passando por momentos tão difíceis. O desejo sincero apenas de ajudar quem precisa revela que aprenderam com o mestre Jesus Cristo o verdadeiro significado da palavra amor.
É possível amenizar o impacto que a chuva traz como, por exemplo, não jogar lixo nas ruas, em terrenos baldios, nos rios, encostas, dentre outras ações. O poder público também precisa assumir a sua responsabilidade criando políticas públicas eficazes para ajudar os brasileiros que estão vivendo em áreas de risco.
Preservar a natureza não é ser apenas politicamente correto, mas um sinal de sensatez. A agressão ao meio ambiente precisa acabar urgentemente. O cidadão precisa entender que ao agredir a natureza, mesmo que ele não perceba, estará agredindo a si mesmo.
Certa vez fui visitar uma aldeia indígena e vi algo que chamou muito a minha atenção, no centro da aldeia tinha uma placa com os seguintes dizeres: “Dizem que somos donos da terra, não somos os donos, apenas usamos a terra com permissão do dono”.