quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Memórias da infância

Confesso que não consigo me lembrar com detalhes do incidente, mas a minha família conta que com quatro anos aconteceu algo terrível comigo.
A chupeta era uma companheira inseparável. Todos sabem que qualquer criança pequena leva tudo o que acha na boca. Sem perceber do perigo, peguei minha chupeta que tinha caído no chão e pus na boca, como de costume. Ao chupá-la não percebi que estava com sujeira. Pouco tempo depois veio a noticia que preocupou os meus pais. Dentro da minha boca tinha um berne enorme. Levaram-me para o hospital para extrair o parasita. Meus irmãos ficaram desesperados. Chorei muito. O parasita cresceu dentro da minha boca. Uma das minhas irmãs diz que foi preciso retirá-lo através de intervenção cirúrgica. Houve forte sangramento no local. O fato é que desde então, durante toda a infância e juventude a simples visão de sangue me apavorava. Creio que tudo foi muito traumático para uma criança tão pequena.
Quando tinha seis anos de idade fui matriculado na primeira série do ensino fundamental. Desde pequeno, sempre fui muito doente. A bronquite me perseguiu até os onze anos de idade. Não podia chupar sorvete e nem ao menos brincar na chuva. Qualquer mudança brusca de temperatura afetava a minha saúde. O hospital era destino certo. Por ser um menino muito mimado, a minha irmã Neide precisava ter muita paciência comigo. Só passei para a segunda série por causa da bondade dos professores, acho que eles tinham muita pena de mim. Durante todo o ano letivo, a cena se repetia- o choro. Sempre fui chorão.
Nesse mesmo ano, ao brincar com as outras crianças no pátio da escola, cai de cabeça numa superfície de concreto. Cortei profundamente a orelha. O sangue escorria. Além de ser muito chorão, havia o fato de ter muito medo de sangue. Imagine o escândalo que fiz.

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