Por que será que ninguém quer esperar até que o sinal no semáforo fique verde? Ao pensar sobre isso, chequei a conclusão de que é por que as pessoas estão com pressa, o pensamento geral é de que não se pode perder nem um segundo sequer. Todos vivem atarefados. O tempo é escasso e muitos compromissos acabam sendo adiados.
Alguns trabalham até sete dias na semana, por mais de 10 horas diárias. Não sobra espaço na agenda para fazer tudo o que se gostaria. Ao anoitecer, há uma sensação de que muitas coisas importantes que deveriam ser feitas ficaram sem solução. Certa frustração paira no ar, surge desse fato um pensamento muito comum- Ah, se eu tivesse mais tempo!
Alegar a falta de tempo virou uma boa desculpa para se justificar. Quantas pessoas deixam de fazer algo importante e culpa a escassez de tempo como o único responsável. Só podemos chegar a uma conclusão. Na maioria das vezes, a culpa não é da falta de tempo, mas da sua má administração.
O mesmo período de tempo é dado a todos, não tem como beneficiar apenas alguns privilegiados oferecendo a eles mais tempo. Todo ser humano desfruta igualmente das 24h00min diárias.
No ambiente de trabalho, a situação é bem mais complicada. Ao receber alguma tarefa para fazer, nós já temos a desculpa pronta, no caso de não cumprirmos com a nossa obrigação. Se não cumprimos com o que nos foi incumbido, alegamos falta de tempo. A falta de tempo justifica tudo. Na maioria das vezes ficamos adiando o que poderia ser feito no momento. Os filhos são os que mais ouvem: Não tenho tempo agora para brincar. Desde pequena, a criança aprende que o tempo dos pais é escasso e que ela não é sua prioridade maior.
Quero que você se organize, faça as suas atividades o quanto antes, o resultado será surpreendente. Quando se tem um plano de ação, o dia vai parecer que possui mais algumas horas.
Muitas coisas poderiam ser feitas se agíssemos no tempo certo. Como seria bom se as pessoas soubessem que nós cumprimos fielmente com as nossas obrigações.
Quero ilustrar a importância desse assunto com uma linda história. O título é: Não deu tempo...
Naquela manhã, sentiu vontade de dormir mais um pouco. Estava cansado porque na noite anterior fora deitar muito tarde. Também não havia dormido bem. Tinha tido um sono agitado. Mas logo abandonou a idéia de ficar um pouco mais na cama e se levantou, pensando na montanha de coisas que precisava fazer na empresa.
Lavou o rosto e fez a barba correndo, automaticamente. Não prestou atenção no rosto cansado nem nas olheiras escuras, resultado das noites mal dormidas. Nem sequer percebeu um aglomerado de pelos teimosos que escaparam da lâmina de barbear. "A vida é uma seqüência de dias vazios que precisamos preencher", pensou enquanto jogava a roupa por cima do corpo.
Engoliu o café e saiu resmungando baixinho um "bom dia", sem convicção. Desprezou os lábios da esposa, que se ofereciam para um beijo de despedida. Não notou que os olhos dela ainda guardavam a doçura de mulher apaixonada, mesmo depois de tantos anos de casamento. Não entendia por que ela se queixava tanto da ausência dele e vivia reivindicando mais tempo para ficarem juntos. Ele estava conseguindo manter o elevado padrão de vida da família, não estava? Isso não bastava?
Claro que não teve tempo para esquentar o carro nem sorrir quando o cachorro, alegre, abanou o rabo. Deu a partida e acelerou. Ligou o rádio, que tocava uma canção antiga do Roberto Carlos, "detalhes tão pequenos de nós dois..." Pensou que não tinha mais tempo para curtir detalhes tão pequenos da vida. Anos atrás, gostava de assistir ao programa de Roberto Carlos nas tardes de domingo. Mas isso fazia parte de outra época, quando podia se divertir mais.
Pegou o telefone celular e ligou para sua filha. Sorriu quando soube que o netinho havia dado os primeiros passos. Ficou sério quando a filha lembrou-o de que há tempos ele não aparecia para ver o neto e o convidou para almoçar. Ele relutou bastante: sabia que iria gostar muito de estar com o neto, mas não podia, naquele dia, dar-se ao luxo de sair da empresa. Agradeceu o convite, mas respondeu que seria impossível. Quem sabe no próximo final de semana? Ela insistiu, disse que sentia muita saudade e que gostaria de poder estar com ele na hora do almoço. Mas ele foi irredutível: realmente, era impossível.
Chegou à empresa e mal cumprimentou as pessoas. A agenda estava totalmente lotada, e era muito importante começar logo a atender seus compromissos, pois tinha plena convicção de que pessoas de valor não desperdiçam seu tempo com conversa fiada.
No que seria sua hora do almoço, pediu para a secretária trazer um sanduíche e um refrigerante diet. O colesterol estava alto, precisava fazer um check-up, mas isso ficaria para o mês seguinte. Começou a comer enquanto lia alguns papéis que usaria na reunião da tarde. Nem observou que tipo de lanche estava mastigando. Enquanto engolia relacionava os telefones que deveria dar, sentiu um pouco de tontura, a vista embaçou. Lembrou-se do médico advertindo-o, alguns dias antes, quando tivera os mesmos sintomas, de que estava na hora de fazer um check-up. Mas ele logo concluiu que era um mal-estar passageiro, que seria resolvido com um café forte, sem açúcar.
Terminado o "almoço", escovou os dentes e voltou à sua mesa. "A vida continua", pensou. Mais papéis para ler, mais decisões a tomar, mais compromissos a cumprir. Nem tudo saía como ele queria. Começou a gritar com o gerente, exigindo que este cumprisse o prometido. Afinal, ele estava sendo pressionado pela diretoria. Tinha de mostrar resultados. Será que o gerente não conseguia entender isso?
Saiu para a reunião já meio atrasado. Não esperou o elevador. Desceu as escadas pulando de dois em dois degraus. Parecia que a garagem estava a quilômetros de distância, encravada no miolo da terra, e não no subsolo do prédio.
Entrou no carro, deu partida e, quando ia engatar a primeira marcha, sentiu de novo o mal-estar. Agora havia uma dor forte no peito. O ar começou a faltar... a dor foi aumentando... o carro desapareceu... os outros carros também... Os pilares, as paredes, a porta, a claridade da rua, as luzes do teto, tudo foi sumindo diante de seus olhos, ao mesmo tempo em que surgiam cenas de um filme que ele conhecia bem. Era como se o videocassete estivesse rodando em câmara lenta. Quadro a quadro, ele via esposa, o netinho, a filha e, uma após outra, todas as pessoas que mais gostava.
Por que mesmo não tinha ido almoçar com a filha e o neto? O que a esposa tinha dito à porta de casa quando ele estava saindo, hoje de manhã? Por que não foi pescar com os amigos no último feriado? A dor no peito persistia, mas agora outra dor começava a perturbá-lo: a do arrependimento. Ele não conseguia distinguir qual era a mais forte, a da coronária entupida ou a de sua alma rasgando.
Escutou o barulho de alguma coisa quebrando dentro de seu coração, e de seus olhos escorreram lágrimas silenciosas. Queria viver, queria ter mais uma chance, queria voltar para casa e beijar a esposa, abraçar a filha, brincar com o neto... queria... queria... mas não deu tempo...
"O tempo dura bastante para aqueles que sabem aproveitá-lo." Leonardo da Vinci
Alguns trabalham até sete dias na semana, por mais de 10 horas diárias. Não sobra espaço na agenda para fazer tudo o que se gostaria. Ao anoitecer, há uma sensação de que muitas coisas importantes que deveriam ser feitas ficaram sem solução. Certa frustração paira no ar, surge desse fato um pensamento muito comum- Ah, se eu tivesse mais tempo!
Alegar a falta de tempo virou uma boa desculpa para se justificar. Quantas pessoas deixam de fazer algo importante e culpa a escassez de tempo como o único responsável. Só podemos chegar a uma conclusão. Na maioria das vezes, a culpa não é da falta de tempo, mas da sua má administração.
O mesmo período de tempo é dado a todos, não tem como beneficiar apenas alguns privilegiados oferecendo a eles mais tempo. Todo ser humano desfruta igualmente das 24h00min diárias.
No ambiente de trabalho, a situação é bem mais complicada. Ao receber alguma tarefa para fazer, nós já temos a desculpa pronta, no caso de não cumprirmos com a nossa obrigação. Se não cumprimos com o que nos foi incumbido, alegamos falta de tempo. A falta de tempo justifica tudo. Na maioria das vezes ficamos adiando o que poderia ser feito no momento. Os filhos são os que mais ouvem: Não tenho tempo agora para brincar. Desde pequena, a criança aprende que o tempo dos pais é escasso e que ela não é sua prioridade maior.
Quero que você se organize, faça as suas atividades o quanto antes, o resultado será surpreendente. Quando se tem um plano de ação, o dia vai parecer que possui mais algumas horas.
Muitas coisas poderiam ser feitas se agíssemos no tempo certo. Como seria bom se as pessoas soubessem que nós cumprimos fielmente com as nossas obrigações.
Quero ilustrar a importância desse assunto com uma linda história. O título é: Não deu tempo...
Naquela manhã, sentiu vontade de dormir mais um pouco. Estava cansado porque na noite anterior fora deitar muito tarde. Também não havia dormido bem. Tinha tido um sono agitado. Mas logo abandonou a idéia de ficar um pouco mais na cama e se levantou, pensando na montanha de coisas que precisava fazer na empresa.
Lavou o rosto e fez a barba correndo, automaticamente. Não prestou atenção no rosto cansado nem nas olheiras escuras, resultado das noites mal dormidas. Nem sequer percebeu um aglomerado de pelos teimosos que escaparam da lâmina de barbear. "A vida é uma seqüência de dias vazios que precisamos preencher", pensou enquanto jogava a roupa por cima do corpo.
Engoliu o café e saiu resmungando baixinho um "bom dia", sem convicção. Desprezou os lábios da esposa, que se ofereciam para um beijo de despedida. Não notou que os olhos dela ainda guardavam a doçura de mulher apaixonada, mesmo depois de tantos anos de casamento. Não entendia por que ela se queixava tanto da ausência dele e vivia reivindicando mais tempo para ficarem juntos. Ele estava conseguindo manter o elevado padrão de vida da família, não estava? Isso não bastava?
Claro que não teve tempo para esquentar o carro nem sorrir quando o cachorro, alegre, abanou o rabo. Deu a partida e acelerou. Ligou o rádio, que tocava uma canção antiga do Roberto Carlos, "detalhes tão pequenos de nós dois..." Pensou que não tinha mais tempo para curtir detalhes tão pequenos da vida. Anos atrás, gostava de assistir ao programa de Roberto Carlos nas tardes de domingo. Mas isso fazia parte de outra época, quando podia se divertir mais.
Pegou o telefone celular e ligou para sua filha. Sorriu quando soube que o netinho havia dado os primeiros passos. Ficou sério quando a filha lembrou-o de que há tempos ele não aparecia para ver o neto e o convidou para almoçar. Ele relutou bastante: sabia que iria gostar muito de estar com o neto, mas não podia, naquele dia, dar-se ao luxo de sair da empresa. Agradeceu o convite, mas respondeu que seria impossível. Quem sabe no próximo final de semana? Ela insistiu, disse que sentia muita saudade e que gostaria de poder estar com ele na hora do almoço. Mas ele foi irredutível: realmente, era impossível.
Chegou à empresa e mal cumprimentou as pessoas. A agenda estava totalmente lotada, e era muito importante começar logo a atender seus compromissos, pois tinha plena convicção de que pessoas de valor não desperdiçam seu tempo com conversa fiada.
No que seria sua hora do almoço, pediu para a secretária trazer um sanduíche e um refrigerante diet. O colesterol estava alto, precisava fazer um check-up, mas isso ficaria para o mês seguinte. Começou a comer enquanto lia alguns papéis que usaria na reunião da tarde. Nem observou que tipo de lanche estava mastigando. Enquanto engolia relacionava os telefones que deveria dar, sentiu um pouco de tontura, a vista embaçou. Lembrou-se do médico advertindo-o, alguns dias antes, quando tivera os mesmos sintomas, de que estava na hora de fazer um check-up. Mas ele logo concluiu que era um mal-estar passageiro, que seria resolvido com um café forte, sem açúcar.
Terminado o "almoço", escovou os dentes e voltou à sua mesa. "A vida continua", pensou. Mais papéis para ler, mais decisões a tomar, mais compromissos a cumprir. Nem tudo saía como ele queria. Começou a gritar com o gerente, exigindo que este cumprisse o prometido. Afinal, ele estava sendo pressionado pela diretoria. Tinha de mostrar resultados. Será que o gerente não conseguia entender isso?
Saiu para a reunião já meio atrasado. Não esperou o elevador. Desceu as escadas pulando de dois em dois degraus. Parecia que a garagem estava a quilômetros de distância, encravada no miolo da terra, e não no subsolo do prédio.
Entrou no carro, deu partida e, quando ia engatar a primeira marcha, sentiu de novo o mal-estar. Agora havia uma dor forte no peito. O ar começou a faltar... a dor foi aumentando... o carro desapareceu... os outros carros também... Os pilares, as paredes, a porta, a claridade da rua, as luzes do teto, tudo foi sumindo diante de seus olhos, ao mesmo tempo em que surgiam cenas de um filme que ele conhecia bem. Era como se o videocassete estivesse rodando em câmara lenta. Quadro a quadro, ele via esposa, o netinho, a filha e, uma após outra, todas as pessoas que mais gostava.
Por que mesmo não tinha ido almoçar com a filha e o neto? O que a esposa tinha dito à porta de casa quando ele estava saindo, hoje de manhã? Por que não foi pescar com os amigos no último feriado? A dor no peito persistia, mas agora outra dor começava a perturbá-lo: a do arrependimento. Ele não conseguia distinguir qual era a mais forte, a da coronária entupida ou a de sua alma rasgando.
Escutou o barulho de alguma coisa quebrando dentro de seu coração, e de seus olhos escorreram lágrimas silenciosas. Queria viver, queria ter mais uma chance, queria voltar para casa e beijar a esposa, abraçar a filha, brincar com o neto... queria... queria... mas não deu tempo...
"O tempo dura bastante para aqueles que sabem aproveitá-lo." Leonardo da Vinci
Nenhum comentário:
Postar um comentário