Tive a alegria de saber que o texto "A bola especial" de minha autoria foi selecionado para fazer parte de um projeto patrocinado pela prefeitura do município de Ponta Porã-MS, o projeto em questão chama-se "Crônicas de Ponta Porã". O projeto está sob a responsabilidade do jornalista Lucas Maribondo. Há um blog mantido por ele no seguinte link: http://cronicasdeponta.blogspot.com/. Transcrevo abaixo a postagem publicada no blog a respeito do meu texto. Aproveito a oportunidade para agradecer ao Lucas Maribondo pelo apoio na divulgação do meu trabalho como escritor.
A bola especial
Alci Massaranduba é carteiro. Um dos muitos que percorrem Ponta Porã todo santo dia entregando cartas sempre muito esperadas. Mas é um carteiro diferente: ele é autor do livro “Minha Vida de Carteiro”, além de palestrante motivacional. Bacharel em administração de empresas com habilitação em comércio exterior pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) e especialista em gestão empreendedora de negócios, Massaranduba é também um ótimo contador de histórias. Esta se chama "A Bola Especial".
Gosto muito de usar as minhas próprias experiências pessoais para ilustrar os textos que escrevo. Sempre há o que aprender com as coisas que já nos aconteceram, tanto as boas quanto as aparentemente ruins. Até mesmo fatos corriqueiros podem nos ensinar algo útil. Gostaria de partilhar com você algo que aconteceu comigo. Após contar a minha história, farei uma breve reflexão sobre o assunto.
Quando criança, morei no distrito de Sanga Puitã. A residência era de madeira e o banheiro que tínhamos ficava a alguns metros de distância. Naquele tempo, o estilo de banheiro era muito comum; um buraco com vários metros de profundidade, paredes de madeira e um orifício para jogar o material orgânico. Nós chamávamos de mictório.
Na época, a maior diversão pra mim e meu irmão era jogar bola. Não tínhamos dinheiro para comprar uma. Havia o sonho de possuir uma linda bola de futebol. Ao passar em frente de um mercadinho que vendia bolas, eu e meu irmão ficávamos “namorando” o nosso objeto de consumo, pena que o namoro não era correspondido, pois não tínhamos condição financeira para comprar absolutamente nada.
Um dia, ao “visitar” o banheiro de casa, notei que alguma coisa brilhava com o reflexo do sol no meio de toda aquela sujeira. Chamei meu irmão Lorival e disse:
-Olha, tem alguma coisa lá embaixo. O que será?
-Não tenho a mínima ideia. Ele declarou.
- Vamos verificar?
- Vamos.
Meu irmão pediu que eu pegasse uma vara comprida no quintal.
Ajoelhamo-nos dentro do banheiro e começamos a empurrar o objeto para o lado. Não me recordo como foi que conseguimos tirar o objeto dali, mas conseguimos, depois de muito esforço.
A notícia não poderia ser melhor, o objeto em questão era uma bola de futebol. Estava toda suja de fezes. Ficamos eufóricos. Enfim, teríamos a nossa própria bola. O único problema era o cheiro insuportável. Meu irmão deu a sugestão de a deixarmos secar ao sol por alguns dias. A cada dia que passava a ansiedade aumentava, não víamos a hora de estrear a nossa bola “nova”. Ao término de dez dias, fomos estrear a bola como os amigos da escola. Chegamos à escola se exibindo. Os times foram montados, a nossa bola seria a grande atração da tarde. A quadra de futebol de salão estava bem conservada. Durante todo o primeiro tempo do jogo foi só festa. Perto do término da partida aconteceu o inesperado. Passei a bola para o meu mano e... Foi muito engraçado. A bola foi chutada em direção ao gol do adversário, no percurso, ela se rasgou jogando fezes para todos os lados. Cada um se protegia da “fétida artilharia’’. O jogo terminou antes do tempo regulamentar, mas a gozação durou por muito mais tempo. Ainda hoje quando comentamos essa história nos divertimos muito. Aquela foi uma inesquecível partida de futebol.
Apesar de a história ser bem humorada, penso que algumas considerações precisam ser feitas. É incrível a capacidade das crianças de extrair o máximo de alegria de situações que para muitos adultos é totalmente vexatória. Não é preciso muita coisa para agradar os pequenos. As crianças se contentam com pouca coisa, elas não estão presas ao desejo de ostentação tão comum aos adultos. O que elas mais querem é se sentirem amadas e protegidas, não é nem preciso gastar dinheiro, basta deixá-las aproveitar a sua infância e naturalmente serão felizes.
Por que será que quando nos tornamos adultos perdemos a alegria pelas pequenas coisas? Mesmo alcançando muito sucesso financeiro ainda reclamamos de tudo e de todos. Nada mais é engraçado, parece que o mundo perdeu a cor, só enxergamos a penumbra.
A vida é muito curta, por isso, precisamos vivê-la com sabedoria. Uma boa dica é nos aconselharmos com os sábios. Não estou dizendo a você para fazer uma peregrinação a nenhum lugar, não será preciso, pois ao seu lado, há inúmeros sábios que o ajudarão na sua jornada existencial. De quem estou falando? Estou falando das crianças.
Quando criança, morei no distrito de Sanga Puitã. A residência era de madeira e o banheiro que tínhamos ficava a alguns metros de distância. Naquele tempo, o estilo de banheiro era muito comum; um buraco com vários metros de profundidade, paredes de madeira e um orifício para jogar o material orgânico. Nós chamávamos de mictório.
Na época, a maior diversão pra mim e meu irmão era jogar bola. Não tínhamos dinheiro para comprar uma. Havia o sonho de possuir uma linda bola de futebol. Ao passar em frente de um mercadinho que vendia bolas, eu e meu irmão ficávamos “namorando” o nosso objeto de consumo, pena que o namoro não era correspondido, pois não tínhamos condição financeira para comprar absolutamente nada.
Um dia, ao “visitar” o banheiro de casa, notei que alguma coisa brilhava com o reflexo do sol no meio de toda aquela sujeira. Chamei meu irmão Lorival e disse:
-Olha, tem alguma coisa lá embaixo. O que será?
-Não tenho a mínima ideia. Ele declarou.
- Vamos verificar?
- Vamos.
Meu irmão pediu que eu pegasse uma vara comprida no quintal.
Ajoelhamo-nos dentro do banheiro e começamos a empurrar o objeto para o lado. Não me recordo como foi que conseguimos tirar o objeto dali, mas conseguimos, depois de muito esforço.
A notícia não poderia ser melhor, o objeto em questão era uma bola de futebol. Estava toda suja de fezes. Ficamos eufóricos. Enfim, teríamos a nossa própria bola. O único problema era o cheiro insuportável. Meu irmão deu a sugestão de a deixarmos secar ao sol por alguns dias. A cada dia que passava a ansiedade aumentava, não víamos a hora de estrear a nossa bola “nova”. Ao término de dez dias, fomos estrear a bola como os amigos da escola. Chegamos à escola se exibindo. Os times foram montados, a nossa bola seria a grande atração da tarde. A quadra de futebol de salão estava bem conservada. Durante todo o primeiro tempo do jogo foi só festa. Perto do término da partida aconteceu o inesperado. Passei a bola para o meu mano e... Foi muito engraçado. A bola foi chutada em direção ao gol do adversário, no percurso, ela se rasgou jogando fezes para todos os lados. Cada um se protegia da “fétida artilharia’’. O jogo terminou antes do tempo regulamentar, mas a gozação durou por muito mais tempo. Ainda hoje quando comentamos essa história nos divertimos muito. Aquela foi uma inesquecível partida de futebol.
Apesar de a história ser bem humorada, penso que algumas considerações precisam ser feitas. É incrível a capacidade das crianças de extrair o máximo de alegria de situações que para muitos adultos é totalmente vexatória. Não é preciso muita coisa para agradar os pequenos. As crianças se contentam com pouca coisa, elas não estão presas ao desejo de ostentação tão comum aos adultos. O que elas mais querem é se sentirem amadas e protegidas, não é nem preciso gastar dinheiro, basta deixá-las aproveitar a sua infância e naturalmente serão felizes.
Por que será que quando nos tornamos adultos perdemos a alegria pelas pequenas coisas? Mesmo alcançando muito sucesso financeiro ainda reclamamos de tudo e de todos. Nada mais é engraçado, parece que o mundo perdeu a cor, só enxergamos a penumbra.
A vida é muito curta, por isso, precisamos vivê-la com sabedoria. Uma boa dica é nos aconselharmos com os sábios. Não estou dizendo a você para fazer uma peregrinação a nenhum lugar, não será preciso, pois ao seu lado, há inúmeros sábios que o ajudarão na sua jornada existencial. De quem estou falando? Estou falando das crianças.
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