quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O celular perdido

Às vezes nos acontecem situações que fogem ao nosso controle e geram muita preocupação. Nem sempre acabam com final feliz. Mas eu passei por uma que terminou de forma inusitada. Eu estava trabalhando como carteiro no setor expresso (entrega de Sedex, malotes e encomendas). O volume de objetos era maior que a capacidade do baú da moto; a tampa do baú precisava ficar aberta para poder acomodar o máximo de objetos. Havia sempre a preocupação de perder alguma coisa.
Naquela manhã de verão, saí para a entrega. A distância a ser percorrida era enorme. Após entregar em vários bairros da periferia da cidade, eu tinha que entregar uma pequena caixa no bairro Jardim São João. Para cortar caminho e poder chegar mais rápido ao endereço de entrega, fiz um percurso diferente do que estava acostumado. Cheguei ao local e entreguei a encomenda. Faltava entregar apenas alguns objetos para terminar a entrega. Ao chegar ao local de outra entrega, surpreendi-me com a falta de um Sedex que constava na LOEC (lista de entrega). Fiquei desesperado, pois a responsabilidade era minha. Refiz todo o trajeto anterior em busca da caixa perdida.
Em uma rua sem asfalto, num bairro afastado, encontrei a caixa jogada no chão; ela estava aberta e o seu conteúdo ao lado. Quando vi aquela cena fiquei muito preocupado. O pior ainda estava por vir. Ao recolher a caixa danificada e o objeto, pude perceber que se tratava de um celular, a tela do celular estava toda manchada de preto, imaginei que fosse por causa da queda.
Retornei à agência e comuniquei ao supervisor o que havia acontecido. Jamais esquecerei a sua frase:
-Olha Alci, se o objeto foi danificado, você vai ter que pagá-lo ao cliente.
A minha situação financeira não permitia que eu arcasse com nenhuma outra despesa. Fui aconselhado a tentar efetuar a entrega e negociar com o cliente. Ao chegar ao local da entrega, fui recebido por um senhor muito alegre, e antes que eu falasse qualquer coisa, ele afirmou:
- Até que enfim chegou o meu celular. Olha carteiro, o meu amigo me mandou esse celular, pena que a tela está estragada, mas vou arrumar.
Que alivio! Não disse nenhuma palavra, mas o meu coração estava radiante. O celular já tinha sido postado daqule jeito. Que final feliz. É claro que depois desse incidente, redobrei a atenção para que situações como essa não acontecessem mais.

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