terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Papai Noel dos Correios












O impacto de vivenciar uma experiência marcante vai muito além do fato em si. Vivendo numa época de tantas distrações muitas vezes não percebemos que a própria vida busca desesperadamente chamar a nossa atenção para detalhes que parecem ser corriqueiros, mas basta um olhar mais apurado para perceber quão rico são em ensinamentos.
A campanha Papai Noel dos Correios é um grande exemplo de como algo aparentemente simples pode desencadear uma corrente de solidariedade capaz de marcar para sempre a vida das pessoas. Todos os anos centenas de cartinhas são escritas aguardando apenas o despertar do amor nos corações para desabrochar em todo o seu esplendor.
Ao longo dos anos sempre participei da entrega dos presentes, mas nunca fui tão impactado como neste ano. Vivenciei duas experiências que me marcaram profundamente. Divulgá-las é uma forma singela de prestar a minha homenagem a todas as pessoas generosas que adotaram uma carta e proporcionaram a tantas crianças carentes a realização de um sonho que parecia tão distante.

Cena 1
Ao bater palmas em uma residência na periferia da cidade fui atendido por uma senhora muito simpática que ficou surpresa com a minha chegada, pois não esperava que o seu netinho fosse contemplado. A mulher pediu que esperasse enquanto chamava a filha para receber a “encomenda”.    Em poucos instantes me deparei com uma criança pequena que me olhava desconfiada. Ao tomar conhecimento de que havia uma bicicleta novinha a sua espera o menino começou a tremer sem acreditar no que estava acontecendo. A mãe dele veio me atender e trouxe junto o irmãozinho portador de necessidades especiais. Ao receber o presente, todo trêmulo, a criança pulou no meu pescoço e deu um abraço caloroso. A generosidade dele me fez perceber que eu é que estava recebendo o presente mais valioso. Ao abraçá-lo tive que conter uma lágrima que insistia em escorrer pelo meu rosto. Deixei o local tomado pela emoção!

Cena 2
Bati no portão da casa e imediatamente ouvi uma voz feminina pedindo para esperar por um instante. Uma senhora abriu o portão e ao saber que a entrega era para o seu neto não conseguiu esconder a emoção. Eu estava com a tão sonhada bicicleta. Soube de todo o drama que a família estava passando. A história narrada por ela era trágica em todos os sentidos. O pai da criança faleceu recentemente e não pode realizar o sonho do filho de ter uma bicicleta nova, mas alguém, mesmo sem ter o conhecimento do fato adotou a cartinha e realizou a vontade póstuma de um pai. Em meio a tanto sofrimento aquele menino recebeu, enfim, uma boa notícia.
Pensei imediatamente na minha filha e quão devastador seria para ela viver sem a minha presença.
Deixei o local fortemente abalado, mas também me sentindo mais humano por levar um pouco de alegria para alguém que tanto precisava.

As histórias narradas acima são apenas duas em meio a milhares de outras que acontecem todos os anos. Aproveito a oportunidade para agradecer a todas as pessoas que adotaram uma cartinha sem ao menos saber que o seu gesto de amor trouxe felicidade ao rosto angelical de uma criança.

O ano de 2016 chegou ao fim, porém, ainda há muito com o que se regozijar. Aprendi que realmente é melhor dar do que receber.