sexta-feira, 22 de junho de 2012

Andando pelo caminho



Na estrada dessa vida
O caminho é espinhoso
Vivemos numa corrida
Num terreno nada vistoso

Escolhemos o nosso destino
Ou é ele quem nos faz?
Talvez nunca entendamos
Essa vida tão fugaz

Quem corre chega à frente
Quem anda pode chegar
Talvez chegue atrasado
Ou esmoreça por tentar

Andar parece ser fácil
Correr muito nos cansa
Não sabemos como agir
A vida como balança

De um lado a rapidez
Traz-nos certa segurança
Do outro a lentidão
E a aparente tardança

Quem aprendeu a correr
Não consegue relaxar
Nem ao menos percebe
Que jamais irá terminar

Deus! Tanta é a pressa
Só sobra o desalento
A paz que tanto almejas
Trocada por sofrimento

Cada um faz a escolha
Correr ou caminhar
A opção de cada um
 É que nos leva a pensar

Às vezes até corremos
Por falta de opção
Ficar parado no tempo
Só perpetua a desolação

Encontrar o equilíbrio
Entre correr e caminhar
Desafia o ser humano
A nunca parar de buscar



domingo, 17 de junho de 2012

Exija os seus direitos


O Brasil é conhecido mundialmente pela excelência de algumas de suas leis. Porém, na prática, a realidade é bem diferente do que está escrito. De nada adianta leis se elam não são cumpridas. O famoso jeitinho brasileiro está presente até na própria elaboração delas. Os advogados sabem muito bem disso, pois para defender os seus clientes estudam minuciosamente os artigos de determinada lei para encontrar alguma brecha que pode ser explorada.
É claro que devemos confiar que a justiça seja feita mesmo que às vezes a injustiça prevaleça. Um país sem lei é uma terra de ninguém. O cidadão se sente mais seguro quando acredita que o poder público punirá o culpado e absolverá o inocente. A questão aqui não é a elaboração de leis justas, mas o cumprimento delas. O povo precisa conhecer os seus deveres e muito mais os seus direitos.
Com a criação do Código de Defesa do Consumidor o consumidor passou a ter um instrumento valioso na defesa dos seus direitos, mas o que se vê são inúmeras empresas que estão bem longe de tratar os seus clientes com respeito. As reclamações nos órgãos de defesa do consumidor são poucas comparadas com a quantidade de pessoas lesadas. O discurso de algumas pessoas de que “é melhor deixar pra lá” só perpetua a ineficiência das organizações. Em cursos, palestras e congressos os especialistas ensinam a tratar o cliente com excelência visando a sua plena satisfação, mas infelizmente, ainda há muitas pessoas despreparadas que o tratam com indiferença, principalmente diante de uma reclamação sobre o atendimento, produto ou serviço prestado. Quando ele consegue resolver o seu problema sem ter que acionar a justiça e sem grandes aborrecimentos é muito provável que continue a frequentar o estabelecimento. Um consumidor satisfeito não faz a temível propaganda negativa. A pior frase que uma organização pode ouvir é: “nunca mais volto aqui”.
Como consumidor tenho duas experiências desagradáveis para contar. A primeira delas aconteceu quando precisei contratar os serviços de uma gráfica em Ponta Porã. Com uma semana de antecedência procurei a empresa, o serviço era o seguinte: escrever uma mensagem em algumas canetas. Inicialmente fui muito bem atendido, me mostraram um mostruário para escolher o modelo de minha preferência. O preço foi combinado e o prazo de entrega também. No dia marcado fui buscar as canetas. Ao chegar ao balcão da loja fui surpreendido com a informação de que a caneta que eu escolhi não tinha mais. Questionei o vendedor, pois tinha sido informado de que todas as canetas do mostruário tinham no estoque. A resposta que obtive foi: “Se o senhor quiser vai ter que escolher outro modelo de caneta.” Meio contrariado escolhi outro modelo. Para entregar o produto era preciso esperar mais alguns dias. Voltei à loja no dia combinado e tive mais uma surpresa- as canetas não estavam prontas. A proprietária da gráfica veio falar comigo e disse sem nenhum constrangimento:
-As canetas não estão prontas porque temos muito trabalho para fazer, estamos trabalhando até tarde todos os dias. Eu não tenho horário de trabalho fixo como você.
- Eu tenho que entregar as canetas hoje, por isso eu fiz o pedido com uma semana de antecedência. É a segunda vez que venho aqui, e agora? Respondi.
Não pude acreditar na resposta que aquela irritada senhora me deu. Inacreditável!
-Você não erra nunca, é um santo?
A mulher ainda falou outros desaforos. Paguei pelo serviço e fui embora com uma única certeza; nunca mais voltar naquele lugar e foi o que fiz até o presente momento. Qual é o beneficio de tratar um cliente dessa maneira? Em vez de fidelizar o seu cliente ela o enxotou. Quando precisei novamente dos serviços de uma gráfica procurei outra que me tratasse com mais respeito.
A segunda experiência aconteceu na cidade vizinha de Pedro Juan Caballero. Um sobrinho veio me visitar e pediu que eu fosse com ele comprar um pen-drive. Entramos numa loja na Rua Dr. Francia. Após escolher o modelo meu sobrinho pagou pelo produto e fomos embora com a certeza de ter feito um bom negócio. Ao chegar à minha casa fomos testar o equipamento, mas ele simplesmente não funcionou. Voltamos imediatamente na loja e falamos com o proprietário que nos vendeu o pen-drive. A conversa foi surpreendente:
- Eu comprei este pen-drive agora a pouco, mas ele não funciona, quero trocá-lo.
O homem mudou o semblante instantaneamente, ficou muito irritado e disse num tom agressivo:
-Eu nunca troco nada! Vou trocar só dessa vez e vocês dois sumam da minha frente e nunca mais apareçam aqui!
O homem ainda teve a coragem de pegar um estilete, abrir a embalagem de outro pen-drive exposto da loja e trocá-lo pelo estragado que nos tinha vendido. Em vez de guardar um equipamento com defeito ele teve a audácia de colocá-lo novamente a venda diante dos nossos olhos. Foi a primeira vez que vi alguém expulsar um cliente com tamanha violência verbal. Nem é preciso dizer que jamais voltaremos naquela loja.
Se você foi mal tratado e teve os seus direitos violados jamais se cale. A lei está ao seu favor. Exija o seus direitos!  

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Fé que não resolve


O dicionário Houaiss define as palavras superstição e crendice como a "crença ou noção sem base na razão ou no conhecimento, que leva a criar falsas obrigações, a temer coisas inócuas, a depositar confiança em coisas absurdas, sem nenhuma relação racional entre os fatos e as supostas causas a eles associados".  
Transmitidas de geração para geração, existem crenças e superstições que atravessam os séculos e ainda encontram eco nos dias de hoje, agora principalmente, através da internet. As crendices populares, surpreendentemente, estão cada vez mais na moda apesar de muitas delas não terem nenhum sentido racional. Muita gente crê que no nosso mundo físico todos os eventos ou objetos têm algum tipo de causa ou impacto espiritual.
Para um grupo de pessoas o misticismo supera o valor da razão. Quem não conhece alguém que tem sempre uma receita infalível para todo tipo de problema? Não importa muito se ela parece ser absurda, pois o que importa é que aparentemente dê certo. Engana-se quem pensa que somente pessoas muito simplórias dão crédito a certas crenças, pois até mesmo aquelas que são muito instruídas ou que vivem numa sociedade tecnologicamente avançada podem depositar toda a sua fé em algo totalmente irracional.
 A quem acredite que certas forças impessoais (como, por exemplo, a chuva, o vento, as inundações) ou objetos físicos podem ser controlados ou influenciados por rituais ou encantamentos. Há a crença de que esses rituais têm um tipo de poder que pode ser usado para se obter os desejos de uma pessoa. Objetos simples passam como num passe de mágica a possuir poderes medicinais, são capazes; como alguns acreditam, de tirar o “mau olhado”, expulsar o “coisa ruim” e de chamar a prosperidade. Se você está com problemas nos relacionamentos é só seguir os conselhos dos peritos nas forças ocultas.
Se a preocupação é com o futuro é só consultar algum adivinho que diz poder descortinar o futuro diante dos seus olhos. Há várias opções para o curioso: astrologia, leitura de folhas de chá, das palmas da mão, de cartas de Tarô, ou dos órgãos internos ou ossos de um animal, tentativa de entrar em contato com os mortos. Se o interesse condenável é prejudicar alguém existe a chamada magia “negra” (usada pelas bruxas e por feiticeiros para prejudicar as pessoas e promover o mal e as tragédias), agora se a preocupação é em se proteger a opção é fazer uso da magia “branca” (usada para tentar proteger as pessoas da magia negra), amuletos protetores, pós-místicos, ervas e pedras, encantamentos, rolos de papel sobre os quais estão escritos fórmulas para o sucesso ou proteção, etc.
Mesmo vivendo na época da desmistificação de muitas dessas crenças e superstições absurdas o que não falta é a fé. Por mais irônico que seja a fé em Deus é mais questionada do que o misticismo. Tem gente que de tão supersticiosa não sai de casa sem antes consultar o horóscopo do dia, se a cor dita da sorte for o azul ela nem ousa usar roupa de outra cor porque vai dar azar. É fato conhecido que muitas autoridades políticas consultam regularmente os autointitulados mestres das forças ocultas em busca de orientação.
Por mais absurdo que possa parecer tem muita gente que coloca uma vassoura atrás da porta para espantar as visitas indesejadas outros deixam uma nota de um dólar ou de um real na carteira para “chamar” dinheiro. Você conhece alguém que conseguiu mais dinheiro apenas por fazer isso? Muitas atletas das nações ocidentais têm certos rituais que eles seguem antes de participarem de eventos esportivos. Eles vestem talvez peças de roupas numa certa ordem, ou usam algum equipamento ou joia que acham que lhes traz sorte nas competições. Para todo tipo de problema tem uma simpatia específica que é “tiro e queda”, acreditam. Há quem ache que pode conquistar o coração de outra pessoa colocando o seu nome num pires com açúcar e acendendo uma vela. A lista é interminável.
Tente explicar para essas pessoas que esse tipo de fé é irrelevante, a maioria delas ficará ofendida e continuará acreditando piamente. Diante de certas crenças tão arraigadas não há argumentos; por mais racionais que sejam que irá mudar o pensamento do fiel.
Independente da posição social e do nível cultural muitos são iludidos por histórias fantasiosas e falsas crenças. Dê uma olhada nos carros de luxo estacionados diariamente em frente da casa daqueles que afirmam categoricamente conhecer todos os segredos do passado, presente e do futuro, tudo revelado por certa quantia em dinheiro.
A fé é algo inerente ao ser humano, mas você não deve acreditar em tudo cegamente. Vivendo num mundo de tantas incertezas e desilusões é natural procurar respostas, mas aonde encontrá-las? Por sermos tão frágeis, sempre a procura de respostas para a nossa dor física e existencial, alguns de nós deposita a sua preciosa fé em pessoas limitadas que não podem nos ajudar. Cuidado ao depositar a sua fé em simples mortais. Em vez de depositar a sua fé em objetos inanimados, na natureza e nos seres vivos por que não confiar naquele que criou e mantém a vida na terra?