domingo, 22 de janeiro de 2012

Confiar em quem?

A confiança é essencial aos bons relacionamentos, sejam eles de amizade, familiar, sociedade, negócios, entre outros. É pena que vivemos num mundo de tanta desconfiança. Confiar em alguém está cada vez mais difícil. Muitas vezes há razões de sobra para isso, pois muita gente não merece a nossa confiança. Confiamos em parentes próximos, amigos e cônjuge, mas com certo receio. O medo que temos é de confiar demais e acabar se decepcionando.
O consultor e palestrante Flávio Souza afirma que: “A confiança tem mais a ver com um ato de fé e muitas vezes dispensa o raciocínio lógico. O grau de confiança entre duas pessoas é determinado pela capacidade que temos de prever o comportamento da outra pessoa. Confiança é o resultado do conhecimento sobre alguém. Quanto mais informações corretas sobre quem necessitamos confiar, melhor, formamos um conceito positivo da pessoa”.
A frase “Confiança é o resultado do conhecimento sobre alguém” fez lembrar-me de uma história que exemplifica bem a afirmação acima. As crianças pequenas são dinâmicas e estão sempre nos surpreendendo com as suas atitudes e comentários. Os pais sabem que os pequenos ainda não perderam algo importante e cada vez mais raro num mundo tão cheio de desconfianças e enganos. Na sua inocência infantil elas confiam no cuidado, proteção e carinho dos seus pais, avós e de outras pessoas próximas. A confiança é tamanha que chegam a colocar a sua integridade física sob os seus cuidados.
A minha filha tinha pouco mais de três anos quando resolveu fazer algo surpreendente. Certa vez, eu estava ao lado do tanque de lavar roupas e ela na porta da cozinha de casa, três degraus acima. A distância entre nós não a impediu de olhar para mim com o seu rosto encantador e dizer na maior tranquilidade: “Papai, vou pular, me pega!”. De repente, o seu pequeno corpo estava vindo à minha direção, sem pensar muito abri os braços e consegui pegá-la antes que se machucasse. Que confiança! Na hora fiquei muito assustado, mas ela achou graça da minha reação.
Quem é desconfiado por natureza ou quem não confia em si mesmo tem muita dificuldade para confiar em outra pessoa. Quantos relacionamentos são desfeitos pela falta de confiança? Logicamente que muitas vezes a própria pessoa é a principal causadora da desconfiança, pois o seu caráter e atitudes demonstra claramente que são pouco confiáveis. Na verdade, até queremos confiar, o problema é o número cada vez maior de maus exemplos.
Quando confiamos de verdade em uma pessoa há a convicção de que sempre poderemos contar com seu auxílio nas horas mais difíceis, da mesma forma, elas também precisam sentir que somos confiáveis em todos os momentos. É como a história do menino que estava sozinho na sala de espera do aeroporto, aguardando o voo.
Quando o embarque começou, ele foi colocado na frente da fila para entrar e encontrar seu assento antes dos adultos.
O menino foi simpático quando puxaram conversa com ele, e em seguida começou a passar o tempo colorindo um livro. Não demonstrava ansiedade ou preocupação com o voo enquanto as preparações para a decolagem estavam sendo feitas.
Durante o voo a aeronave entrou numa tempestade muito forte, o que fez com que balançasse como uma pena ao vento. A turbulência e as sacudidas bruscas assustaram alguns dos passageiros, mas o menino parecia encarar tudo com a maior naturalidade.
Uma das passageiras sentada do outro lado do corredor ficou preocupada com ele e perguntou:- Você não está com medo?
Não, senhora, respondeu ele, levantando os olhos rapidamente de seu livro de colorir e piscando um dos olhos, meu pai é o piloto!
Pense um pouco no que disse François La Rochefoucauld: ”A confiança que temos em nós mesmos, reflete-se em grande parte, na confiança que temos nos outros”.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Ao mestre com carinho

As transformações pelas quais passou a sociedade brasileira nos últimos 20 anos modificaram drasticamente as relações pessoais. Uma nova mentalidade surgiu tendo grande aceitação principalmente com os jovens, o slogan atual parece ser: “Contestar todo tipo de autoridade”.
Há alguns anos o professor era respeitado e admirado pela maioria das pessoas, desrespeitá-lo em sala de aula era visto como algo terrível, sendo o aluno muitas vezes repreendido pela sua própria família. O salário de um mestre sempre foi deficiente, mas pelo menos ele tinha a certeza de que a sua nobre missão de educar valia qualquer esforço, mesmo sem ter as condições ideais. Atualmente, já não há mais essa certeza na mente de muitos deles. Algumas coisas continuam como sempre foram, isto é, salários muito além do que os profissionais da educação merecem receber além do stress excessivo, o que mudou drasticamente é a visão sobre a importância do professor para o desenvolvimento do país. Talvez você esteja pensando que essa mudança foi algo até positivo, pois algumas propagandas na TV, internet, jornais e outros meios de comunicação parecem exaltar a figura do professor.
O consenso atual é de que o professor desempenha uma função primordial para o desenvolvimento econômico e social de uma sociedade. Se ele tem tamanha importância por que é que não o tratam com mais respeito? Por que ainda recebe um salário que o obriga a dar aulas em vários turnos para poder sustentar a sua família? Por que em vários lugares o professor não tem as mínimas condições para desempenhar o seu trabalho? Por que ele está cada vez mais acuado, com medo e sem ter como se defender de alunos cada vez mais violentos? Por que muitos professores têm que conviver com a venda e o consumo de drogas dentro das escolas? Por que ele é tão criticado por certos pais como o único responsável pelo baixo desempenho do filho?
Os pais precisam entender que disciplinas fundamentais como: respeito, tolerância, alegria, perdão, trabalho, amizade, honestidade, cidadania, gentileza e tantas outras se aprende é em casa, sendo tão importante quanto às disciplinas de matemática, português, história e as demais. Nada substitui o ensino dos pais, a escola auxilia na educação, mas ela sozinha pouco pode fazer, apesar dos seus incansáveis esforços. Não é raro ver nos noticiários casos de professores agredidos por alunos, muitos recebem até ameaças de morte. O sentimento é de tristeza ao constatar que em muitas salas de aula espalhadas pelo Brasil quem manda de fato não é o professor, mas sim alguns baderneiros que só frequentam a escola para criar tumulto.
Algumas pessoas irão dizer que os métodos antigos eram cruéis e desumanos, como por exemplo: puxar a orelha do aluno, desferir golpes em sua mão com uma régua ou mesmo humilhá-lo diante dos demais colegas. Realmente, algumas coisas precisavam ser melhoradas. É fato que violência, constrangimento e ameaças são extremamente prejudiciais para a formação do caráter. Diante dos abusos cometidos no passado, a realidade atual mostra que muita coisa melhorou, mas o comportamento dos alunos só tem piorado a cada ano. Alunos se sentem no direito de fazer apenas o que querem, ao serem repreendidos para que fiquem nos seus lugares e não perambulando pelos corredores da escola, muitos deles partem para a agressão verbal e até física. Muitos reprovam de ano e acham que a culpa é unicamente do professor e não da falta de interesse deles em estudar para as provas e fazer as atividades solicitadas. Outros vão para a escola apenas por que foram obrigados pelos pais. Persistindo a situação atual muitos professores abandonarão a profissão para se dedicar a outras atividades menos perigosas. O país precisa é aumentar o número de educadores, não é possível nem pensar na possibilidade de diminuí-los.
Ainda bem que a grande maioria dos educadores sabe que a sua responsabilidade vai além do conceito de ensinar uma determinada matéria. Ele deve mais do que tudo, ajudar e direcionar seus alunos a se tornarem acima de tudo um pensador e formador de opinião, que não tenham medo de enfrentar os paradigmas impostos pela nossa sociedade.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Papai Noel dos Correios




Todos os anos o projeto Papai Noel dos Correios leva alegria para muitas crianças brasileiras. No último dia 23 de dezembro participei de um trabalho muito especial. Havia muitos presentes para serem entregues pelos Correios. Juntamente com um colega de trabalho saí para efetuar as entregas num dos bairros mais carentes de Ponta Porã.

Confesso que em alguns momentos fiquei emocionado ao ver que levei um pouco de alegria e esperança para muitos brasileirinhos. Confira as fotos abaixo:











































































































segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Testemunha ferida

Antes que houvesse cidade, estradas e habitantes, só havia o som provindo da natureza. Era preciso transpor rios e adentrar matas, cortar estradas, abrir trilhas e colonizar a nova terra. O chão antes lamacento se tornou em asfalto, as carroças deram lugar a potentes automóveis. O progresso inevitavelmente transforma lugares, homens e a própria natureza.
Em um século, uma região inabitada se tornou numa bela cidade. Toda essa incrível transformação foi observada de perto por uma testemunha muito especial. Homens e mulheres nasceram e morreram, mas ela continuou a viver desafiando o tempo com coragem. Enfraquecida pelos longos anos de vida vive com grande dificuldade, para permanecer de pé precisou de ajuda. Nunca rejeitou receber um visitante, vive no mesmo lugar por décadas e sempre esteve à disposição de todos. Ela nunca pronunciou uma palavra, mas mesmo assim, tem o respeito e admiração de muita gente. Tamanha a sua importância, através de Lei Municipal foi tombada pelo patrimônio histórico do município. É um privilégio ter 100 anos de história acompanhada por uma testemunha ocular ainda viva apesar da idade avançada.
No dia 28 de dezembro de 2011, quinta-feira à tarde, a tão querida testemunha foi ferida mortalmente. A figueira que ficava ao lado da prefeitura não resistiu ao temporal e teve o tronco partido em quatro pedaços. Toda a sua exuberante beleza foi perdida, restou o espanto ao ver a força destrutiva da natureza em ação.
Olhares curiosos observaram com atenção o acidente, mais pela curiosidade do que pela tristeza. Em volta da árvore, considerada a mais antiga da cidade, foram edificadas as primeiras casas do município. A figueira simboliza o início da criação do município de Ponta Porã que em 2012 comemora o primeiro centenário de emancipação político-administrativa. É triste ter que dizer que é provável que os moradores a percam para sempre. Talvez você já tenha passado por ela e nem tenha se dado conta de que estava diante de uma figura tão importante.
Com a sua morte parte do patrimônio da cidade irá se perder. As autoridades estão diante de um grande dilema, sacrificá-la ou não. Não há como saber ao certo quanto tempo ainda lhe resta de vida. Mantê-la viva pode gerar novos acidentes, além disso, a sua ferida é grave e sem possibilidade de cura.
A mais antiga moradora da cidade está se despedindo. Se você estiver passando pela região onde à figueira ainda vive dê a ela um último adeus, pode ser que brevemente não haja mais chance de se despedir. A vida de todos os seres vivos infelizmente terá um fim, é o clico da vida. O importante é deixar uma marca positiva na vida das pessoas. A figueira centenária com certeza deixará.
No momento, não muita coisa que possamos fazer, mas pelo menos podemos torcer para que o desfecho dessa história seja o melhor possível.