sexta-feira, 29 de abril de 2011

A comunicação

Um homem rico estava muito mal. Pediu papel e pena e escreveu assim: Deixo meus bens à minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do padeiro nada dou aos pobres.
Morreu antes de fazer a pontuação. A quem deixava ele a fortuna? Eram quatro concorrentes.
1) O sobrinho fez a seguinte pontuação:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.
2) A irmã chegou em seguida. Pontuou assim o escrito:
Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.
3) O padeiro pediu cópia do original. Puxando a brasa para sua sardinha, interpretou:Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.
4) Aí, chegaram os descamisados da cidade. Um deles, sabido, fez esta interpretação:Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro? Nada! Dou aos pobres.
A estória relatada acima fez uso da forma verbal para transmitir uma mensagem do homem rico para algumas pessoas, o assunto em questão era sobre quem ficaria com sua herança. Obviamente que houve falhas no processo de comunicação, pois o texto possui falta de clareza, gerando uma comunicação turbulenta com ruídos. A falta de clareza é um grande obstáculo para uma comunicação eficaz. Diferentes pessoas podem interpretar as mesmas palavras de forma totalmente conflitante. Recomenda-se que você seja tão claro e preciso quanto possível acerca dos seus fatos, e acerca das interpretações e significados que deles retira. É preciso também ter cuidado para não utilizar uma linguagem demasiado abstrata e formal, coloquialismos e gírias, porque em vez de impressionarem positivamente as pessoas vão tornar a mensagem mais confusa. Ao escrever um texto devemos atentar para o fato de que o uso da pontuação correta pode alterar totalmente o seu significado original.
Para que a comunicação verbal possa alcançar os seus objetivos é preciso que ela tenha objetividade. No artigo ”Comunicação eficaz” de Aristóteles Victor Hugo de Souza Lucas, o autor diz que: “A mensagem verbal deve se caracterizar pela objetividade, precisão e brevidade. Deve ser feita tendo-se por base a capacidade de entendimento do receptor, e essa capacidade está condicionada ao vocabulário que ele pode adquirir e que possa usar. Palavras são o meio básico pelo qual as pessoas se comunicam. Na maioria das vezes, quanto maior o vocabulário usado por um emissor e um receptor, maior a oportunidade de se transmitirem mensagens apuradamente”. É fácil perceber que o homem rico da estória inicial não conseguiu atingir o seu objetivo, pois a mensagem transmitida por ele foi ambígua, o que acabou gerando várias interpretações diferentes nos receptores. A comunicação sem ruídos pode ser feita de várias formas, o importante é que haja entendimento entre a mensagem, o canal utilizado para sua divulgação e o receptor, para quem a mensagem é dirigida. Realmente, se comunicar bem é uma arte. A boa notícia é que todos podem aprender. Como muitas coisas na vida, o essencial é estar motivado.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

O adulador

No livro A Casa da Mãe Joana, Reinaldo Pimenta conta que a expressão “puxa sacos” surgiu a partir de uma gíria militar. "Puxa-sacos” eram as ordenanças que, de modo submisso, carregavam os sacos de roupas dos oficiais em viagem", conta. Hoje, o termo significa alguém que tenta agradar demasiadamente o chefe ou outra pessoa qualquer. Esse tipo de pessoa é desprezado no ambiente de trabalho, além de ser motivo de zombarias por parte dos colegas. A piada abaixo exemplifica bem a figura do bajulador no imaginário popular. Aquele funcionário muito puxa-saco diz para o chefe: - Só adoro duas pessoas no mundo... E a primeira é o senhor! - Muito obrigado! Mas quem é a segunda? - Quem o senhor indicar, claro! Alguns chegam a listar algumas atitudes básicas do "puxa saco". Alguém pensou até em elaborar uma lista com o comportamento típico de tal sujeito. Veja a lista abaixo e tire as suas próprias conclusões: 1. Quando o chefe chegar seja o primeiro a dar bom-dia, com um grande sorriso nos lábios. 2. Toda vez que seu chefe espirrar diga “saúde”, não importa a quantidade de espirro. 3. Morra de rir das piadas que seu chefe conta, mesmo que seja a mais sem graça do mundo. 4. Cole um adesivo no carro com a seguinte frase: “Eu amo meu Chefe”. 5. Tente se parecer ao máximo com seu chefe. 6. Nunca saia do escritório antes dele. 7. Demonstre sempre muita eficiência. 8. Quando te passar uma tarefa, faça-a o mais rápido possível. 9. Seja sempre muito atencioso com seu chefe, demonstrando sempre muito carinho por sua pessoa (cafezinho, chazinho, biscoitinho, presentinhos são sempre uma boa atitude). Fonte:http://fronteiraaberta.blogspot.com/2009/09/definicao-do-termo-puxa-saco.html

Tenho as minhas próprias observações a respeito de tal lista. Vamos analisá-la ponto a ponto e tentar descobrir se realmente nos engradamos na categoria especial dos puxa sacos. 1- Creio que dar um grande sorriso para todos não é ser "puxa saco", o que é inapropriado é dar um bom dia apenas para o chefe, e os demais colegas, não merecem o mesmo tratamento? 2- Desejar boa saúde é sinal de cordialidade. O mesmo princípio deve ser adotado. O chefe é um colaborador como outro qualquer, o que o diferencia é a sua função de liderança. 3- Às vezes rimos das piadas mais sem graça, apenas para agradar ao nosso colega ou chefe. Se o colega contar uma piada ruim e o chefe também, não faça força para rir, pois todos devem ser tratados iguais, independente da hierarquia. Às vezes, para não constranger o humorista fazemos uma força danada para rir. Se for o chefe ou outro colega qualquer, tenha a mesma atitude. 4-Cole um adesivo no carro com a seguinte frase: "Eu amo os meus colegas de trabalho". A equipe deve ser exaltada e não um nome em especial. 5- Se o chefe possuir certas virtudes, tais como: visão, criatividade, confiança, honestidade e humildade não há nenhum problema em imitá-lo. O que é bom deve ser copiado e o que é ruim evitado. 6- Certas situações exigem que você saia do escritório depois do chefe. Não há necessidade de sempre esperá-lo. Na maioria das vezes, você será o primeiro a sair, mas se tiver que ficar até mais tarde, em ocasiões especiais, não significa que é puxa-saquismo da sua parte. 7- Demonstrar eficiência não é sinal de bajulação, mas sim de profissionalismo. É exatamente isso que a empresa espera de você. Ao entrar na empresa você vai se deparar com muitas barreiras para se atingir a eficiência, principalmente dos colegas de trabalho. Existe toda uma cultura interna de como o trabalho deve ser feito. Diante da ineficiência, a eficiência não é muito bem vinda. Se os seus planos são de crescimento profissional, busque sempre a eficiência. Em alguns ambientes de trabalho a fama de ser bajulador será inevitável. Exemplificando: Se a maioria dos funcionários acostumou-se a chegar sempre atrasado, eles vão tentar te convencer a fazer o mesmo. Você pode entrar no jogo deles ou agir diferente, se, porém, for pontual, despertará a irá de alguns que já se acostumaram a chegar sempre atrasados. 8- Realizar uma tarefa com dinamismo e agilidade sempre que possível é demonstrar comprometimento com os objetivos da organização e com os seus planos de crescimento profissional. 9- Sempre devemos ser atenciosos com todos, não apenas com o chefe. O chefe merece a nossa atenção tanto quanto os demais colegas de trabalho. O que a empresa e o seu chefe espera de você é a qualidade no desempenho das suas funções. Lembre-se que a grande maioria dos chefes não confia nem um pouco nos bajuladores. Cumprir com as nossas responsabilidades no ambiente de trabalho é sinal de que somos realmente profissionais. Existe uma verdadeira cultura em grande parte das organizações- fazer o mínimo possível. Qualquer um que realizar o seu trabalho com um pouco mais de dedicação, fatalmente levará a fama de ser "puxa saco". Ninguém deveria ser promovido apenas por bajular alguém influente ou ser amigo do diretor da empresa. É pena que muitas vezes a participação no jogo de futebol ou no churrasco de domingo fale mais alto do que a competência, principalmente diante de uma promoção. O bajulador só existe porque há muitas pessoas que gostam de ter o ego exaltado pela sua presença.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Trabalho acadêmico cita livro Minha Vida de Carteiro

Ana Claudia do Nascimento Fernandes defendeu no ano de 2010 o seu trabalho de conclusão do curso de História na FAP-Faculdade de Ponta Porã. O título do seu trabalho foi: Correios no Brasil: Uma história de sucesso.

Inicialmente, fiquei surpreso ao saber que o meu livro "Minha Vida de Carteiro" foi citado no seu trabalho, bem como um artigo( Maravilhosa profissão) que escrevi sobre o trabalho do carteiro. Em trecho da sua monografia a autora afirma que: "A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) acompanhou e participou diretamente da história brasileira consolidando produtos e serviços que facilitam o cotidiano das pessoas e os muitos anos de história credenciam os Correios como sendo uma das empresas de maior prestígio e credibilidade no Brasil. Sem dúvidas que o papel e a atuação do carteiro foram decisivos para tal sucesso".

Abaixo segue as citações feitas do meu livro:


"Alci Massaranduba (2009 ), descreve em poucas palavras a rotina deste profissional na cidade de Ponta Porã – MS, onde exerce a profissão a cerca de dez anos:

O trabalho do Carteiro começa bem cedo. A maioria das pessoas pensa que ao chegar ao local de trabalho todas as correspondências já estão todas arrumadas, que é só sair para a entrega. Mas a realidade não é bem essa. O expediente começa às sete horas da manhã. A primeira etapa é separar as correspondências entre as 10 DP (Distritos Postais), cada DP é de responsabilidade de um carteiro. A cidade de Ponta Porã foi dividida em dez partes. A separação é feita em um móvel chamado escaninho (MASSARANDUBA, 2009, p.25)."


"A maioria dos carteiros já foi atacada por cães e sofreu alguma forma de marca. Massaranduba (2009) define humoradamente essa dificil relação com o “melhor amigo do homem”, o que parece nao incluir o carteiro. O autor relata: O dia a dia dos carteiros é visitar todas as casas do municipio. Há sempre à nossa espera o “melhor” amigo do homem – o cachorro. A nossa relação é tumultuada, já pensei inumeras vezes qual o real motivo dos caes não gostarem do carteiro; até o momento nao consegui uma resposta correta. O certo é que o cão detesta o carteiro, essa é uma verdade universal (MASSARANDUBA, 2009, p. 67)."


"Alci Massaranduba, carteiro em Ponta Porã publicou recentemente em sua página na Internet (http://alcimassaranduba.blogspot.com/) uma homenagem aos colegas de profissão e que é pertinente neste trabalho:


Maravilhosa Profissão Quero expressar nesses versos a minha admiração a todos os carteiros e sua dedicação. Em todos os recantos desse imenso país, nas ruas, nas casas, nas praças eles lá estão, são muito queridos por toda a população. O inimigo é sempre o cachorro, a relação é tumultuada, mas isso não impede da casa ser visitada. A chuva, o calor e o frio trás muita dificuldade, mas o cliente espera sempre a pontualidade. O fim da nossa missão é entregar as correspondências com ética e perfeição. Parabéns a todos os carteiros da nossa querida nação, vocês merecem os aplausos de todo cidadão."

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Rotina quebrada, tragédia consumada

O dia despontou no horizonte, parecia que seria mais uma quinta-feira como outra qualquer. A vida seguia o seu curso normal. A mesma cena se repetiu por diversas vezes em diferentes lugares. Os pais atentos e cuidadosos com a educação dos seus filhos os despertaram ainda sonolentos, logo pela manhã. Seria mais um dia de aula na escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio de Janeiro. A frase seguinte foi muito pronunciada: “Acorda filho (a) está na hora de se arrumar para ir à escola”. Que alegria para os pais ao constatar que os seus filhos estão crescendo saudáveis e dedicados aos estudos. A escola é um ambiente maravilhoso para as crianças desenvolverem a sua cidadania. Vivendo num país onde reina a insegurança, a escola é o local mais seguro para se deixar os filhos, assim pensam a maioria dos pais. Naquela fatídica manhã, infelizmente, toda a tranquilidade e segurança que os pais sentiam evaporou-se instantaneamente. Após se despedir dos filhos, os pais então se dirigiram para as suas atividades diárias. Quem poderia imaginar que aquela seria a última vez que eles veriam os seus filhos com vida? Em hipótese alguma imaginaríamos tal coisa. O que aconteceu depois do inicio das aulas foi de uma selvageria nunca antes vista no nosso querido país. Apesar das mazelas sociais que ainda aprisiona muitos brasileiros, não faz parte da nossa realidade conviver com tamanha brutalidade. Acompanhamos estarrecidos os telejornais divulgarem, principalmente nos Estados Unidos, o massacre de estudantes por francos atiradores. A tragédia com certeza nos comovia, as imagens nos chocavam, mas era algo bem longe da nossa realidade, tudo isso mudou na manhã do dia 07 de abril de 2011. A mídia não demorou a chamar os especialistas para dar as suas explicações. Como explicar o inexplicável? Com certeza serão levantadas inúmeras hipóteses. O fato é que em muitos lares, a ausência das crianças nunca será preenchida por nenhuma explicação. Por mais que se busque entender as razões que levaram o assassino a praticar tamanha barbárie, nunca saberemos realmente o que se passava na sua mente. Se o mal realmente existe, ele estava personificado naquele perturbado rapaz. O momento é de extrema dor para todos nós. Eu sou pai de uma menina e nem consigo imaginar como seria perder o meu grande tesouro- minha filhinha. Mesmo as pessoas mais fortes não estão conseguindo conter as lágrimas que teimam a cair diante das notícias que nos chegam a todo instante. A violência destruiu o futuro de crianças inocentes e deixou um vazio enorme no nosso interior. O Brasil inteiro está de luto, mesmo sem conhecer aquelas crianças, é como se elas fossem da nossa família. Vamos chorar juntos e buscar o consolo e a força de Deus para superar tamanha tragédia. É só o que podemos fazer diante de tanto sofrimento.