segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Ao mestre com carinho

As transformações pelas quais passou a sociedade brasileira nos últimos 20 anos modificaram drasticamente as relações pessoais. Uma nova mentalidade surgiu tendo grande aceitação principalmente com os jovens, o slogan atual parece ser: “Contestar todo tipo de autoridade”.
Há alguns anos o professor era respeitado e admirado pela maioria das pessoas, desrespeitá-lo em sala de aula era visto como algo terrível, sendo o aluno muitas vezes repreendido pela sua própria família. O salário de um mestre sempre foi deficiente, mas pelo menos ele tinha a certeza de que a sua nobre missão de educar valia qualquer esforço, mesmo sem ter as condições ideais. Atualmente, já não há mais essa certeza na mente de muitos deles. Algumas coisas continuam como sempre foram, isto é, salários muito além do que os profissionais da educação merecem receber além do stress excessivo, o que mudou drasticamente é a visão sobre a importância do professor para o desenvolvimento do país. Talvez você esteja pensando que essa mudança foi algo até positivo, pois algumas propagandas na TV, internet, jornais e outros meios de comunicação parecem exaltar a figura do professor.
O consenso atual é de que o professor desempenha uma função primordial para o desenvolvimento econômico e social de uma sociedade. Se ele tem tamanha importância por que é que não o tratam com mais respeito? Por que ainda recebe um salário que o obriga a dar aulas em vários turnos para poder sustentar a sua família? Por que em vários lugares o professor não tem as mínimas condições para desempenhar o seu trabalho? Por que ele está cada vez mais acuado, com medo e sem ter como se defender de alunos cada vez mais violentos? Por que muitos professores têm que conviver com a venda e o consumo de drogas dentro das escolas? Por que ele é tão criticado por certos pais como o único responsável pelo baixo desempenho do filho?
Os pais precisam entender que disciplinas fundamentais como: respeito, tolerância, alegria, perdão, trabalho, amizade, honestidade, cidadania, gentileza e tantas outras se aprende é em casa, sendo tão importante quanto às disciplinas de matemática, português, história e as demais. Nada substitui o ensino dos pais, a escola auxilia na educação, mas ela sozinha pouco pode fazer, apesar dos seus incansáveis esforços. Não é raro ver nos noticiários casos de professores agredidos por alunos, muitos recebem até ameaças de morte. O sentimento é de tristeza ao constatar que em muitas salas de aula espalhadas pelo Brasil quem manda de fato não é o professor, mas sim alguns baderneiros que só frequentam a escola para criar tumulto.
Algumas pessoas irão dizer que os métodos antigos eram cruéis e desumanos, como por exemplo: puxar a orelha do aluno, desferir golpes em sua mão com uma régua ou mesmo humilhá-lo diante dos demais colegas. Realmente, algumas coisas precisavam ser melhoradas. É fato que violência, constrangimento e ameaças são extremamente prejudiciais para a formação do caráter. Diante dos abusos cometidos no passado, a realidade atual mostra que muita coisa melhorou, mas o comportamento dos alunos só tem piorado a cada ano. Alunos se sentem no direito de fazer apenas o que querem, ao serem repreendidos para que fiquem nos seus lugares e não perambulando pelos corredores da escola, muitos deles partem para a agressão verbal e até física. Muitos reprovam de ano e acham que a culpa é unicamente do professor e não da falta de interesse deles em estudar para as provas e fazer as atividades solicitadas. Outros vão para a escola apenas por que foram obrigados pelos pais. Persistindo a situação atual muitos professores abandonarão a profissão para se dedicar a outras atividades menos perigosas. O país precisa é aumentar o número de educadores, não é possível nem pensar na possibilidade de diminuí-los.
Ainda bem que a grande maioria dos educadores sabe que a sua responsabilidade vai além do conceito de ensinar uma determinada matéria. Ele deve mais do que tudo, ajudar e direcionar seus alunos a se tornarem acima de tudo um pensador e formador de opinião, que não tenham medo de enfrentar os paradigmas impostos pela nossa sociedade.

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