sábado, 9 de julho de 2011

Vergonha nacional

Os supostos motivos que levam alguém a praticar um ato de tamanha desumanidade são os mais variados; poderia ser o liberalismo sexual tão em moda na atualidade, talvez a irresponsabilidade da juventude moderna, quem sabe o medo do segredo ser revelado, a dependência química, a depressão, a pobreza, a reação dos pais ou o mais completo desespero. Na pior das hipóteses poderia ser simplesmente o desejo de alguém em se livrar de algo que considera um problema a ser resolvido imediatamente. O fato é que mesmo tentando encontrar as reais causas, a verdade aterradora permanece inalterada. O ser humano é capaz de fazer coisas absolutamente terríveis.
É cada vez mais comum a mídia divulgar a noticia que leva pesar e comoção aos lares do povo brasileiro. Diante do que é mostrado nos jornais e outros meios de comunicação, só há um sentimento- a indignação. Uma pergunta soa no ar sem que ninguém consiga respondê-la satisfatoriamente. Por quê?
O abandono de bebês é uma vergonha nacional. Não há nada mais indefeso do que um recém-nascido. Sem ter nenhuma condição de se manter sozinho, dependendo totalmente de cuidados e atenção, o bebê é um símbolo da total dependência, tanto física quanto emocional. Ele se enquadra perfeitamente na descrição de incapaz. Incapaz é toda pessoa que por algum motivo de saúde física ou mental, ou ainda pela idade, não pode se manter por si só.
O artigo 134 do Código Penal Brasileiro diz que: É crime expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria (vergonha de ter engravidado). Para este crime a pena é de detenção de 6 meses a 2 anos. Se o recém-nascido sofrer alguma lesão corporal de natureza grave a pena é detenção de 1 a 3 anos, se resulta a morte a detenção é de 2 a 6 anos. A legislação ainda prevê que qualquer gestante que queira entregar o filho para adoção deve procurar a vara da infância do município, sem qualquer responsabilização legal. Se a mãe pode entregar o filho para adoção sem qualquer punição da lei por que não o faz? Por que o abandona a própria sorte com sérios riscos a sua própria integridade física? Será que falta a informação correta ou mais campanhas nacionais de conscientização? Apesar de a lei declarar que abandono de incapaz é crime, é cada vez mais comum o abandono de recém-nascido no nosso país.
A estudante Érica Machado de Oliveira, de 25 anos, passeava com a cadela de estimação da família. O animal parou perto de uma sacola de supermercado em frente ao número 1336 na Rua Itaqueri, no bairro da Mooca, Zona Leste da capital paulista. Ao abrir a sacola, a mulher encontrou uma criança recém-nascida que havia sido abandonada na rua. Ela prestou os primeiros cuidados à criança até a chegada dos policiais, acionados por ela pelo telefone 190.
Se você ouvisse um choro de criança vindo da direção onde se encontra o lixo ou de qualquer outro lugar inadequado, qual seria a sua reação? O choro, a revolta, a negligencia ou simplesmente o desejo de ajudar um ser indefeso? É claro que o amor falaria mais alto e você ficaria comovido e prontamente ajudaria, mas infelizmente, algumas poucas pessoas passariam por ali como se nada de anormal estivesse acontecendo e ainda se justificariam alegando que o problema não era seu.
Como o povo brasileiro, na sua maioria, professa a fé cristã, é triste ter que constatar que estamos muito longe de viver os ensinamentos de Jesus Cristo. Mesmo as demais religiões reconhecem e o respeitam como um exemplo a ser seguido. O mestre sabiamente nos ensinou que devemos amar as crianças e protegê-las. Os pequeninos foram usados como exemplo de uma fé pura e verdadeira.
As crianças deveriam receber toda atenção e carinho, mas a cada dia sofrem com todo tipo de abuso. Não é só o abandono, infelizmente, há muitas outras coisas terríveis acontecendo com elas. Se você tem a informação de que alguma criança está sofrendo devido aos maus tratos, você tem a obrigação moral de denunciar os agressores às autoridades competentes. Não se pode permitir em hipótese alguma que seres tão indefesos e carentes de afeto fique a mercê de pessoas totalmente incapazes de cuidar delas.

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