domingo, 23 de janeiro de 2011

Reação inesperada Parte final

Após várias horas de muita agonia, surge no fundo de um corredor do hospital, vindo na direção dos pais de Pedro o médico responsável por sua cirurgia. Ao avistá-lo, pressentiram que o pior tinha acontecido. O médico se aproximou e com grande tristeza disse que tudo tinha sido feito para tentar salvar a vida de Pedro, mas infelizmente, ele não resistiu e veio a falecer. Naquele momento, só uma coisa passou pela mente daqueles pais. O questionamento feito por eles é o mesmo de muitas outras pessoas que já passaram por situação parecida. A pergunta era a seguinte: Por que coisas ruins acontecem com pessoas boas? Tudo aquilo não era justo. A reação inicial foi de revolta.
Todos os preparativos foram feitos para o enterro de Pedro. Por ser um jovem tão querido, uma pequena multidão de pessoas veio prestar a ele uma última homenagem. O cortejo fúnebre dirigia-se até o cemitério da cidade, por onde passava emocionava a todos. Era difícil não pensar no fato de que a vida é aparentemente injusta. O jovem Pedro não merecia morrer daquela forma.
Ao tirarem o caixão do carro da funerária, a comoção foi geral. Um enterro nunca tinha reunido uma quantidade tão grande de pessoas. O senhor Almir pediu a palavra e disse:
- Queridos amigos, gostaria de agradecer do fundo do meu coração pela presença de todos vocês, não imaginava que o meu filho fosse tão querido. Creio sinceramente que o meu Pedro marcou de alguma maneira a vida de cada um de vocês.
Após pronunciar essas palavras, ele colocou a mão no bolso da calça e tirou um papel. Com lágrimas nos olhos, revelou que tinha em mãos o último desejo do seu filho. Todos ficaram em total silêncio. O homem abriu aquele pedaço de papel e disse que Pedro tinha confiado a ele a responsabilidade de ler a carta diante de todos, momentos antes do seu enterro. O senhor Almir respirou profundamente e começou a ler as seguintes palavras.
“Inicialmente, gostaria de me apresentar, pois talvez esteja falando para muitas pessoas que não tiveram a oportunidade de me conhecer. Meu nome é Pedro. No momento estou num leito de hospital e pressinto que talvez não saia daqui com vida. Gostaria de pedir a atenção de todos por alguns minutos, por favor, tenham paciência e escutem o que vou dizer.
Eu tenho muitos sonhos para o meu futuro, assim como vocês também tem os seus, mas infelizmente, para alguns de nós, eles não se realizarão por alguns motivos. Nunca imaginei que sendo tão jovem enfrentaria uma doença com tal poder de destruição. Hoje estou deitado numa cama, longe de muitas pessoas que amo. Estar aqui me levou a refletir sobre a minha vida.
Sei que muitos de vocês não conseguem entender o porquê da minha morte. Bom, nem sempre entendemos mesmo, mas talvez o que precisamos entender é o porquê de Deus permitir a minha futura ausência deste mundo. A grande verdade é que a morte chegará a todos, mais cedo ou mais tarde. Não há como enganá-la ou fazer acordo com ela. O que realmente importa é a nossa atitude diante de algo que foge ao nosso controle. Por incrível que pareça, posso dizer com segurança que estou tranqüilo mesmo diante do inevitável- o fim da minha existência. Como é que consigo manter a calma diante de tamanha tragédia pessoal? Você pode estar se questionando neste exato momento. Bem, a vida é cheia de desafios, lutas e provações. Faço uma comparação da vida com um dia qualquer, de manhã o sol reina majestoso nos céus, à tarde nuvens escuras encobrem o seu brilho, a luz desaparece e no seu lugar surgem densas trevas. No mesmo dia, temos a luz e a escuridão, o sol e a chuva, o frio e o calor. A vida muitas vezes é assim também, num determinado dia pela manhã, tudo parece dar certo, já à tarde, tudo parece dar errado. Numa hora você está feliz com os amigos jogando uma partida de futebol e logo depois está internado em estado grave. O que podemos fazer diante de coisas totalmente fora do nosso controle? Talvez esteja falando para alguém que está vivendo um lindo dia que parece não ter fim, ou para alguém que só enxerga a penumbra e o desânimo é o seu companheiro inseparável. Em qualquer das situações não se esqueça de que tudo é passageiro. Não há como mudar as tragédias que assolam a nossa vida e nem de fazer com que os dias alegres se eternizem, mas há uma atitude que pode mudar tudo. A grande questão é como reajo diante das alegrias e tristezas. Algumas pessoas chegar a dizer que a fé em Deus é uma ilusão, um meio de consolo diante da dor e desespero, eu particularmente escolhi crer em Deus antes dos dias escuros da minha vida, o sol brilhava em todo o seu esplendor quando decidi crer que existe um Deus amoroso, cuidadoso e que zela pelos seus filhos. O fato de estar vivendo os meus momentos finais no palco deste mundo não mudou nada na minha confiança, pelo contrário, a minha fé só aumentou. Se vocês me perguntarem de onde vem a minha tranqüilidade, não tenho outra resposta a dar a não ser dizer que é um verdadeiro milagre. Não posso explicar os milagres, só sei que eles existem. Sei que muitas pessoas não acreditam em milagres, mas para mim eles fazem todo o sentido.
Escolhi deixar a vida da mesma forma que a vivi, com alegria, esperança e o senso do cuidado e da proteção divina. Hoje sei que tudo o que me aconteceu foi permitido por Deus para que o meu exemplo fosse fonte de inspiração para muitas pessoas assoladas por problemas dos mais diversos. Antes de fechar os meus olhos pela última vez gostaria de fazer um apelo a você. Por favor, tenha a ousadia de crer em Deus e em você mesmo. Independente das circunstâncias desanimadoras, jamais se esqueça de que não estais sozinhos no mundo. Nos momentos de calmaria lembre-se do seu Criador, nos momentos mais difíceis tenha a certeza de que a impossibilidade humana é a oportunidade de Deus revelar toda a sua grandiosidade.
Obrigado pelo carinho de todos vocês. Por enquanto, adeus”.
Pedro
Ao terminar de ler a carta de Pedro, o seu pai percebeu que aquelas palavras mudariam a vida de muitas pessoas. O conteúdo daquela carta pode mudar a sua vida também. O jovem Pedro era mais sábio do que imaginava.

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