domingo, 16 de janeiro de 2011

Reação inesperada PARTE II

A viagem até o hospital parecia não ter mais fim. O pai pisou no acelerador. O carro transitou pelas ruas da cidade em alta velocidade. Na hora do desespero até os sinais de trânsito foram desobedecidos, mesmo sendo fiel cumpridor das leis, na mente daquele pai só havia uma única preocupação naquele momento; salvar a vida do seu filho.
Ao dar entrada no pronto socorro, Pedro ainda continuava desacordado. O enfermeiro percebendo a gravidade da situação, rapidamente providenciou uma maca. O rapaz foi levado às pressas. Uma pergunta surgiu na mente daquele angustiado pai: Será que ainda veria o seu filho com vida? A simples ideia de perdê-lo levou aquele pai ao total desespero. O choro foi inevitável. As lágrimas caiam em abundância da sua sofrida face.
Os momentos seguintes foram de grande expectativa por uma notícia positiva sobre o estado de saúde do filho. O tempo passava e ninguém aparecia para tranqüilizar aquele pai. Finalmente, após duas horas, um médico se aproximou e disse que precisava falar em particular com o senhor Almir- pai de Pedro. A notícia trazida pelo médico não era a que ele estava esperando. O pai sai da sala arrasado emocionalmente. Apesar de ser um diagnóstico inicial, ainda seria preciso fazer uma série de exames complementares, o médico afirmou que o caso de Pedro era grave, a suspeita era de que ele estava com um tumor alojado na cabeça. A sua única chance de sobrevivência seria se submeter a uma delicada cirurgia, se aquela suspeita se confirmasse. Infelizmente, o médico estava certo no seu diagnóstico. Com grande dor no coração, os pais de Pedro autorizaram a cirurgia, mesmo sabendo dos riscos.
O rapaz recobrou a consciência e pôde enfim rever os seus pais. Na porta daquele quarto, antes de entrarem, os pais de Pedro conversaram sobre a melhor forma de dar a notícia de que Pedro estava com câncer no cérebro e precisaria ser operado o quanto antes. Imagine você no lugar daqueles pais, o que falaria para o seu filho? Como daria a trágica notícia? Como o consolaria?
Ao entrarem no quarto viram algo surpreendente, seu filho estava com o semblante extremamente tranqüilo, nem parecia estar num leito de hospital por tantos dias. Diante de todo aquele sofrimento, aquele rapaz ainda mantinha o seu jeito de ser, a sua alegria com a vida, o seu jeito amoroso. Ao ser explicado a ele a sua real situação, o mesmo continuou tranqüilo, já os pais não conseguiram conter a emoção e começaram a chorar copiosamente.
Tudo o que podia ser feito pelos pais tinha sido feito, mas a sensação de impotência diante de algo totalmente fora do controle os abalou profundamente. Nem mesmo a medicina com todas as suas técnicas cirúrgicas avançadas não deram garantia de cura para o problema de Pedro. Mesmo sabendo que as suas chances de sobrevivência eram menores do que gostaria, Pedro tentou acalmar os seus pais. Houve uma inversão de papéis, pois quem deveria trazer consolo foi quem justamente foi consolado.
O rapaz pediu uma folha de papel em branco e uma caneta, naquele exato momento o senhor Almir e sua esposa Carmem pressentiram que aquela seria a última vontade do seu filho com vida. Muito comovidos, observavam pacientemente a mão trêmula do seu filho segurando a caneta e escrevendo algumas palavras. Ao terminar de escrever a carta com certa dificuldade a mesma foi entregue ao pai. Só havia um pequeno detalhe, aquela carta deveria ser lida apenas depois da morte do rapaz e no seu enterro. O pai sem entender direito o porquê de tal pedido prometeu ao filho de que se ele viesse a falecer, e somente depois disso, é que ele leria aquela carta.
Em nenhum momento Pedro se desesperou. É algo admirável a ser comentado que um jovem cheio de sonhos e tão talentoso estivesse vivendo tal tempestade na sua vida. As suas últimas palavras ditas ao pai foram:
-Pai querido, independente do que aconteça comigo quero que saiba que eu estou em paz. Ao ouvir tais palavras o pai abraçou fortemente o seu filho. A dor daquele pai é difícil descrever.
Ao deixar o hospital, o senhor Almir sentiu subitamente o desejo de abrir aquela carta para saber o seu conteúdo, pensou em fazer isso, mas logo veio a sua mente a promessa que tinha feito e desistiu da ideia. Apesar da sua curiosidade, a decisão tomada por ele foi correta.
O dia marcado para a cirurgia da retirada do tumor enfim tinha chegado. Ao deixar o quarto onde estava Pedro acenou para os pais.
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