1. O riso
2. A reflexão
A nossa conversa foi à seguinte:
- Pai, o senhor compra um óculo novo pra mim?
- A sua mãe já não te deu um de presente? Respondi.
- O que a mãe me deu eu perdi, por isso preciso de um novo.
- Aonde você perdeu o óculo?
Sem pensar muito, ela deu a resposta instantaneamente.
- Pai, quando se perde alguma coisa é porque não se sabe aonde foi que a perdeu, né!
Sem poder me conter, comecei a rir. Obviamente que a minha pergunta era pouco inteligente. Nós rimos por alguns minutos da situação.
Apesar de toda a cena ser um pouco cômica, gostaria de fazer um paralelo entre a resposta da minha filha e a minha atitude diante da vida. A frase “quando se perde alguma coisa é porque não se sabe aonde foi que a perdeu” me revelou algo que até então era desconhecido pra mim. Não foram poucas às vezes em que perdi a alegria de viver, a fé, o domínio próprio, a generosidade, o amor, a misericórdia, o prazer pelas pequenas coisas. Quando se perde coisas valiosas como essas normalmente não se sabe como foi que a perda aconteceu. A depressão chega sem que nos demos conta. O mau humor muda a nossa fisionomia sem que percebamos. O pessimismo pode atrapalhar os nossos sonhos. Todas essas coisas acontecem porque perdemos algo precioso e não sabemos como encontrá-lo.
Antes que eu perca o que não posso em hipótese alguma perder é preciso estar atento ao menor sinal, pois, depois que a perda se tornar uma realidade é bem difícil conseguir contornar a situação. Não digo que é impossível, mas a tarefa é árdua e cansativa.
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