segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Compre um óculo novo!

Tenho uma filhinha de 5 anos muito esperta. Gosto muito de conversar com ela, pois os seus comentários são muito espirituosos. No domingo passado estávamos conversando sobre vários assuntos, de repente, ela soltou uma das suas pérolas. A minha reação a sua frase teve dois estágios:
1. O riso
2. A reflexão
A nossa conversa foi à seguinte:
- Pai, o senhor compra um óculo novo pra mim?
- A sua mãe já não te deu um de presente? Respondi.
- O que a mãe me deu eu perdi, por isso preciso de um novo.
- Aonde você perdeu o óculo?
Sem pensar muito, ela deu a resposta instantaneamente.
- Pai, quando se perde alguma coisa é porque não se sabe aonde foi que a perdeu, né!
Sem poder me conter, comecei a rir. Obviamente que a minha pergunta era pouco inteligente. Nós rimos por alguns minutos da situação.
Apesar de toda a cena ser um pouco cômica, gostaria de fazer um paralelo entre a resposta da minha filha e a minha atitude diante da vida. A frase “quando se perde alguma coisa é porque não se sabe aonde foi que a perdeu” me revelou algo que até então era desconhecido pra mim. Não foram poucas às vezes em que perdi a alegria de viver, a fé, o domínio próprio, a generosidade, o amor, a misericórdia, o prazer pelas pequenas coisas. Quando se perde coisas valiosas como essas normalmente não se sabe como foi que a perda aconteceu. A depressão chega sem que nos demos conta. O mau humor muda a nossa fisionomia sem que percebamos. O pessimismo pode atrapalhar os nossos sonhos. Todas essas coisas acontecem porque perdemos algo precioso e não sabemos como encontrá-lo.
Antes que eu perca o que não posso em hipótese alguma perder é preciso estar atento ao menor sinal, pois, depois que a perda se tornar uma realidade é bem difícil conseguir contornar a situação. Não digo que é impossível, mas a tarefa é árdua e cansativa.

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