sábado, 25 de setembro de 2010

Indiferença

Abraão Lincoln enfrentava uma grave crise. Por décadas, a escravidão era discutida na América. A Constituinte saíra pela tangente. O Compromisso de Missouri, de 1820, preservara algum equilíbrio entre Estados livres e escravagistas, mas o assunto não podia continuar sendo ignorado. Os estados do sul pareciam estar prontos para separar-se. Argumentavam que sua economia e seu estilo de vida dependiam de mão-de-obra escrava.
E Lincoln desejava preservar a nação. Ele era um conciliador. Fez tudo para evitar que o país se dividisse. Certa vez disse: "Se a escravidão não for um erro, nada mais é errado. Nunca pensei ou senti de outro modo".
Para Lincoln, não era certo que seres humanos se apossassem de outros seres humanos. Apesar dos muitos opositores, da ligação da economia ao trabalho escravo, ou das ameaças feitas, a escravidão estava errada.
No dia 1 de janeiro de 1863, Abraão Lincoln finalmente proclamou a emancipação, numa declaração simbólica que preparou o caminho para a liberdade. Lincoln enfrentou a crise e tomou uma posição. E a nação norte-americana deu um passo para tornar-se a terra da liberdade.
Para muitas pessoas, não existe o certo ou errado, acreditam que tudo é relativo, depende da preferência pessoal e dos interesses particulares. Infelizmente, a indiferença é algo comum. Muitas pessoas pensam que é melhor não se envolver. Quantas vidas não seriam poupadas do sofrimento se apenas alguém se importasse. A luta pela justiça deveria ser algo muito natural, mas infelizmente, o que vemos são pessoas alheias aos problemas dos outros. O pensamento é que se não for comigo então está tudo bem, o outro que se vire sozinho.
Tomar uma posição e sair da indiferença tem um preço. Se preocupar com o bem estar de outra pessoa requer um sentimento genuíno de compaixão.
Reflita por um instante na frase de Martin Luther King: “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons”. Num trecho do seu discurso feito no Senado Federal, Rui Barbosa sabiamente afirmou: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”
Abraão Lincoln estava disposto a pagar o preço pela sua decisão a favor da liberdade, por isso, ele fez a escolha de agir na defesa da justiça. Todos precisam em algum momento da vida fazer a sua própria escolha. Que a atitude de indiferença seja algo cada vez mais raro nas nossas vidas, e não algo tão natural. Há um preço a pagar pela defesa da justiça. Que todos estejam dispostos a pagar o preço!
O livro mais amado da história nos orienta: “Aprendei a fazer o bem; buscai a justiça, acabai com a opressão, fazei justiça ao órfão, defendei a causa da viúva”. O texto não fala da sobrevivência do mais forte, mas sim, no amparo aos mais fracos. Na grande maioria das vezes, a injustiça se revela na vida de pessoas que não possuem condições de se defender. Se você pode fazer alguma coisa para amenizar a dor de alguém não espere que outro faça o que podes fazer.

Um comentário:

  1. Olá Alci!
    Gostei muito de seu blog, não o conhecia até hoje. Parabéns!!!! Faço questão de seguí-lo.
    Que Deus continue o abençoando cada vez mais!
    Abraço

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