domingo, 5 de setembro de 2010

Por que fazemos o que fazemos

O autor Edward L.Deci no livro "Por que fazemos o que fazemos" aborda um assunto de extrema importância para pais e educadores. Especificamente na página 98 vemos que muitas vezes a nossa visão é deficiente e limitada pela percepção que temos da realidade. O texto é muito esclarecedor e pode auxiliar na árdua tarefa de educar.
"Até quando vamos olhar para as crianças e ver que elas estão obedientemente fazendo suas tarefas escolares, domésticas ou qualquer outra? "Ah", dizemos a nós mesmos, "elas estão altamente motivadas", e pensamos que está tudo bem. Mas talvez devêssemos dar uma outra olhada e perguntar a nós mesmos se elas estão realmente fazendo por vontade própria, ou com um senso de endosso pessoal. Se elas estiverem mesmo, então provavelmente tudo está bem. Mas elas podem, contrariamente, estar introjetadas, trabalhando muito por acharem que devem e que obterão aprovação ao fazê-lo. Se este for o caso, estas crianças podem estar feridas por dentro. A pressão interna para ter um bom desempenho que pode parecer tão boa à primeira vista, terá um custo significativo.
O conformismo dessas crianças pode trabalhar contra elas de várias maneiras. É claro que à elas faltará a vitalidade e o entusiasmo que fazem da escola uma experiência alegre, mas um resultado ainda mais lamentável é que os torna focalizados em tentar agradar aos outros ao invés de descobrir o que é certo para si mesmas. Além disso, na sala de aula, esses alunos quietos e obedientes são geralmente considerados alunos modelos, sendo então ignorados, pois por serem bem sucedidos não precisam de muita atenção. Já os que são barulhentos e desafiadores, ao contrário, ganham uma grande dose de atenção. Pode ser muito triste o fato de esses alunos tão obedientes demandarem tão pouca atenção, pois os sentimentos que podem estar contidos neles, sentimentos de inadequação, por exemplo, merecem muita preocupação. Esses sentimentos podem facilmente resultar de uma internalização parcial, de introjeção ao invés de integração, pois quando as pessoas introjetam regras e avaliações, elas geralmente sentem que não podem cumpri-las não importa o quanto tentem".

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